Viver em um município é como habitar um condomínio. A lógica é simples: um condomínio é algo extremamente problemático. Até porque muitas pessoas, que ali moram, são obrigadas a conviver umas com as outras, ainda que não queiram. É algo muito parecido com a municipalidade. Um síndico, a exemplo de um prefeito, precisa, acima de tudo, saber ouvir. E, de posse, do diagnóstico do problema, ele precisa, basicamente, de duas coisas. A primeira, é ganhar tempo para dar cabo ao problema do momento. E, depois, é claro, resolver a bronca. É, de forma bem resumida, o que um prefeito precisa no desempenho da função pública que o cargo exige.
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A Santa Maria, do começo da década de 2020, teve reservado o maior desafio de sua história: manter-se em pé e, minimamente, equilibrada na corda, cada vez mais estendida, pelos efeitos da Covid-19, que já matou mais de uma dezena de pessoas, e que jogou nossa economia à condição de "nano".
Aquele que estiver à frente do quinto maior município do Rio Grande do Sul terá um desafio que não começa a partir de 1º de janeiro de 2021. Bem pelo contrário, ele começa agora. Os pré-candidatos que figuram no espectro eleitoral do pleito, que tende a ser nos dias 15 e 29 de novembro, precisam entender uma coisa: Santa Maria não comportará práticas da velha política.
MUDANÇAS
As secretarias não poderão, como sempre foram, ser entregues a partidários ou aos amigos do rei por critério nada republicanos e apropriados: "fulano garantiu 'x' votos na região tal da cidade".
Essa crise, ainda em curso, veio para deixar um legado: chegou o momento de Santa Maria ter quadros capacitados na tomada de decisão. É óbvio e seria ingenuidade acreditar que a máquina seria "tocada" apenas por pessoas com currículo e, acima de tudo, eficientes.
Então que os partidários, e aqueles que têm no currículo apenas "fazer e viver da política", sejam relegados aos quadros de terceiro e quarto escalões, onde não haja acesso à caneta das decisões. Importante ressalvar que há, sim, filiados técnicos e com extrema qualificação. Mas a regra, quase sempre, é a mesma: lotear a máquina e nomear os incautos para funções relevantes.
ENTENDIMENTO
Para o bem de Santa Maria, e por um futuro de continuidade e de sobrevivência, que o 2021 traga um entendimento: precisamos de pessoas com penso que a coisa pública não é de quem está no governo, mas, sim, do contribuinte.
Aquele que quer ser o próximo prefeito terá de saber, já a partir de agora, que precisará ter posições firmes. Isso é capacidade de dizer "não" e não jogar para a torcida. Ser firme, sem ser autoritário. Muito menos omisso ou impulsivo. Resumindo: não pensar com o fígado, até porque, assim, são minimizadas as chances de avaliar mal as coisas e de errar.